terça-feira, 24 de julho de 2012

Série Gestão de Riscos em Grandes Eventos - Uso da norma ABNT ISO 31000


Amigos,

Segue parte do relatório sobre a experiência na Rio+20 e o uso da ISO 31000 em grandes eventos. Conduzir um projeto deste tipo é um grande exercício de humildade, exige espírito aberto para aprender o tempo todo e tomar decisões conforme o andamento do projeto.

Na Conferência Rio+20, mais uma vez usamos a norma ABNT ISO 31000 como referência para condução de um projeto que envolve riscos e monitoramento contínuo, e a norma se mostra cada vez mais adequada. Foi criada uma Sala de Gestão Integrada de Riscos...


A sala funcionou em forma de um centro de operações e através dela foram gerenciados os riscos da conferência.

O ciclo de gestão de riscos adotado foi o definido pela ISO 31000 e está formalizado no desenho a seguir:


Para facilitar a comunicação e a automatização, assim como fortalecer o conceito de um processo crítico com aprendizados e melhoria contínuas, adotamos o modelo do Modulo GRC Metaframework, que consiste em quatro fases integrado ao PDCA e à ISO 31000.



O processo e a norma adotadas no planejamento e na metodologia se mostraram eficazes na execução, a definição “risco é o efeito da incerteza nos objetivos” foi amplamente utilizada durante o processo automatizado, alguns exemplos de ações que ajudam a reduzir a incerteza e consequentemente o risco. Alguns exemplos:

a.     As agendas oficiais do evento foram registradas no software Risk Manager e distribuídas para os totens, aplicações de smartphone e tablet e web.;
b.     Os equipamentos da cidade (delegacias, unidades de saúde, bombeiros, estações de metrô, ...) estavam cadastrados no sistema;
c.     A chegada dos chefes de delegação (informação de difícil gestão pois as delegações são autônomas quanto a datas de chegada e partida, tamanho da delegação e agenda) foram consolidadas no sistema;
d.     A sintonia entre os participantes e a troca de informação entre os participantes é importante para a redução de riscos, a Sala de Gestão Integrada de Riscos foi palco de dois tipos de reuniões ordinárias e diárias: 1. a reunião matinal das coordenações e fornecedores onde participavam o CNO, a ONU, o Comando do Exército, consultores e fornecedores, e 2. As reuniões internas de passagem de turno entre todos os membros das equipes para que fossem passadas tantas as ocorrências principais como práticas que mostraram a evolução do processo de gestão;
f.      As ocorrências do Riocentro (energia, obras, agendas, ...) foram registradas, classificadas e distribuídas em mapas, tabelas, telefonemas e e-mails;
h.     Diversas outras ações foram tomadas, registradas, classificadas e distribuídas, ajudando a reduzir o risco/efeito e a incerteza.

2As fases do processo de gestão de Riscos também foram implementadas conforme a ISO 31000:

a.     Estabelecimento do contexto: documentação dos processos, definição do escopo, inventário e parametrização dos ativos (pessoas, processos, ambientes e tecnologia) e definição da relevância dos ativos;
b.     Identificação dos Riscos: levantamento dos riscos antes, durante e após o evento;
c.     Análise de Riscos: critérios de classificação da probabilidade e severidade dos controles, criação de bases de conhecimento, criação de projetos de análise de riscos;
d.     Avaliação de Riscos: monitoramento, registro e triagem das ocorrências, definição dos critérios de urgência, montagem do painel de controle;
e.     Tratamento dos Riscos: ações proativas, comunicação por e-mail, SMS, sistema, smartphone e tablet, realização de reuniões, criação de planos de ação;
f.      Comunicação e consulta: realização de reuniões e conferências telefônicas, distribuição de informações por painel de controle, e-mail, SMS, smartphone e tablet;
g.     Monitoramento e análise crítica: avaliação dos gráficos e tabelas, reuniões de análise crítica.

O uso da norma ABNT ISO 31000 se mostrou eficaz como apoio a projetos desta natureza, os principais benefícios são o uso de um modelo que é consensuado mundialmente, a existência de uma metodologia ao mesmo tempo fácil de entender e seguir, a existência de indicadores e a alocação de pessoal conforme a metodologia.

Conclusão

O trabalho de preparação da metodologia e realização da operação assistida da Gestão de Riscos e Monitoramento da Logística da Rio+20 foi uma ação exaustiva e de aprendizado constante. Diferente da Copa e das Olimpíadas, que a Rio+20 sempre foi comparada por ser um grande evento, na Conferência da ONU as incertezas são ainda maiores uma vez que ocorre em uma “vênue” que precisa ser praticamente construída para o evento e desmobilizada rapidamente. Além disso há pouca gestão sobre a chegada e movimentação das delegações que são autônomas na maior parte dos aspectos. A mídia demonstrou a satisfação da Presidenta, do Governador, do Prefeito e da ONU com a logística do evento, o que mostra que os objetivos da logística foram atendidos com louvor.

Para avaliar o trabalho de Gestão de Riscos e Monitoramento, não podemos nos acomodar com a avaliação global dos objetivos. Avaliamos que o projeto foi bem conduzido e integrado às coordenações do CNO, porém temos uma série de elementos de lições aprendidas e recomendações que foram fruto de um relatório específico.

Ficamos à disposição.

Aquele abraço,

FNery