terça-feira, 4 de outubro de 2011

Monitoramento Contínuo em Grandes Eventos

Amigos,

Nas duas semanas do Rock in Rio, a polêmica sobre a organização do Brasil para a Copa 2014 e as Olimpíadas 2016 ganhou força. Tipicamente a preocupação é "como fazer quando chegar a Copa?", mas poucos atentam que o Rock in Rio, mesmo não tendo o apelo televisivo, a paixão da disputa, os confrontos internacionais e o fluxo de torcedores/turistas estrangeiros, é maior que a Copa para a cidade do Rio de Janeiro.

Fazendo um comparativo simples, a Copa do Mundo da África teve 9 cidades sede (Joanesburgo teve dois estádios), enquanto o Brasil terá 12, assim os jogos serão mais distribuídos entre as cidades. No Rock in Rio foram 100 mil pessoas por dia em sete dias quase seguidos das 14h às 3 da madrugada; por sua vez, na Copa de 2010, os estádios nem sempre foram cheios, e o Soccer City, principal estádio, que fica em uma área aberta e foi quem recebeu mais jogos (10), teve, por exemplo, Uruguai e Gana, que, independente do apelo futebolístico, não levaram grande torcida para a África do Sul.

O Rock in Rio foi realizado em uma área afastada (perto do Riocentro na Barra da Tijuca - veja o mapa abaixo), com poucas vias de acesso, sem presença de metrô ou trem, e foi implementado um modelo especial de ônibus e estacionamento na periferia; mesmo com a precariedade do local (é complicado fazer um evento deste tamanho em área urbana), o evento foi um sucesso, apesar dos problemas, que acontecem em qualquer lugar do mundo. Os estádios brasileiros têm melhorado a olhos vistos, quem frequentou o Maracanã meses antes do fechamento para obras, notou a melhoria da ordem dentro e no entorno do estádio, no que se refere a: conforto, segurança, trânsito, entrada, limpeza, etc, com certeza isso aconteceu em diversos estádios no Brasil. O Maracanã tem diversas vias de acesso por automóveis, é bem servido por ônibus e possui estações de trem e metrô ao lado, além da segurança muito bem organizada pelo GEPE - Grupamento Especial de Policiamento dos Estádios.

Há muito tempo venho frequentando grandes eventos no Brasil, estreei no Rock in Rio de 1985 e inaugurei no Maracanã em um jogo Vasco x Santos em 1974, com Pelé no campo, o que encantaria qualquer menino hoje.

Nos eventos e congressos sobre Copa do Mundo e Olimpíadas no Brasil, tenho sido frequentemente um voz destoante, um dos poucos palestrantes otimista com relação aos grandes eventos no Brasil, mesmo no dia-a-dia enfrentando os aeroportos, o sinal de celular e a velocidade da internet. Diferente das sedes das copas dos últimos anos, o Brasil vai encarar o grande evento em pleno crescimento econômico que, sozinho, exige o fortalecimento de nossa infraestrutura. O desafio de crescer e fazer grandes eventos ao mesmo tempo multiplica a necessidade de infraestrutura. Temos que melhorar nossa auto estima.

Temos trabalhado em alguns grandes eventos, e este fim de semana fizemos um exercício de monitoramento paralelo no Rock in Rio (minhas filhas ajudaram), no jogo São Paulo x Flamengo (com o Renato Tocaxelli, São Paulino de carteirinha, que levou a família ao Morumbi, e assim como eu, não ficou satisfeito com os resultados desta rodada), e o jogo Vasco x Corinthians (que fui com meus filhos).

O objetivo deste post não é falar sobre o futebol e suas polêmicas apaixonadas, mas do monitoramento da organização e da estrutura de grandes eventos. Um grande evento exige monitoramento antes, durante e depois e envolve assuntos diversos como previsão meteorológica, segurança, trânsito, movimento das multidões, alimentação, televisionamento e outros.

O trabalho neste fim de semana foi coletar ocorrências internos e externos nestes três eventos, algumas visões:


  • No Rock in Rio foram coletadas ocorrências desde o ponto de referência do transporte na Alvorada até dentro da área do show, note que as imagens do Google Earth ainda são da área antes da obra;

  • O show adotou um modelo de chegada similar à Copa do Mundo, com perímetros de segurança;

  • No Morumbi, foram levantados ocorrências na chegada, permanência e saída do estádio;

  • O Morumbi tem um modelo eficaz de chegada e entrada na bilheteria, fortalecendo o bom atendimento no estádio, lembro a diferença dos truculentos ´roleteiros´ que tínhamos que enfrentar para entrar em um estádio;

  • São Januário fica no meio de uma área em franco crescimento imobiliário (São Cristóvão), uma região que está recebendo muito investimento (Porto) e uma favela sem UPP (Barreira do Vasco). Foram levantados eventos no entorno do estádio e nas arquibancadas do novo Setor Premium, inaugurado neste domingo;

  • O novo Setor Premium é comparável aos principais estádios do mundo;

  • Um excesso de zelo e por isso o Setor ganha nota 9,5, o pessoal de serviços fica na frente de quem está sentado nas primeiras fileiras. Na minha frente chegaram a ter 5 enfermeiras :-), com certeza é algo que será resolvido na ótima gestão de nosso presidente Roberto Dinamite e sua equipe resolver, basta colocar o serviço ao lado, onde ficam os seguranças;

Grandes eventos são ótimas referências para avaliar modelos monitoramento contínuo em qualquer área, pois trabalham com elementos críticos como multidões, tempestividade, televisionamento, emoção, responsabilidade civil, ordem pública, segurança e acompanhamento da mídia e da sociedade.

Monitorar um grande evento garante melhor gestão, melhoria contínua, gestão dos riscos, aprendizado e respostas rápidas. A intenção deste post foi trazer algumas idéias sobre monitoramento contínuo em grandes eventos, estamos à disposição.

Aquele abraço,

FNery

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